Sobre O Sentimento de um Ocidental

 

   Su Il Sentimento di un Occidentale 

 

O poema O Sentimento de um Ocidental foi escrito por Cesário Verde em ocasião do tricentenário de Luís Vaz de Camões e publicado no Porto em 1880, a pedido de Ramalho Ortigão, na folha intitulada Portugal a Camões da publicação extraordinária do Jornal de Viagem, que saiu a 10 de junho, dia da morte do ilustre poeta português, a qual ocorreu a 10 de junho de 1580.
A obra, quadripartida, foi em seguida subtitulada pelo amigo Silva Pinto, que curou da edição póstuma de 1901, incluindo-a n’O livro de Cesário Verde. Os subtítulos: “Ave-Marias”, “Ao Gás”, “Noite fechada”, “Horas mortas”, têm de atribuir-se somente à paternidade de Silva Pinto, que fez também outras modificações ao texto original.

O Sentimento de um Ocidental é um grande afresco urbano, no interior do qual se entrevê o projeto evocativo e comemorativo da epopeia e da História mais recente portuguesa.
O poeta caminha pelas ruas de Lisboa, num grande passeio que começa ao anoitecer, quando se ouvem as badaladas das numerosas igrejas da cidade chamando às “Ave-Marias”; o passeio continua durante a noite, enquanto já reluzem nos locais as lâmpadas de gás, até à noite fechada.
Sensações visívas, auditivas e olfativas marcam a passagem de uma à outra fase do dia e da noite. A estas juntam-se impressões, estados de alma e reflexões, suscitadas pela travessia dos bairros e ruas lisboetas, cuja arquitetura é já um testemunho histórico.

O passeio começa na parte antiga da cidade, na zona do porto, situado nas proximidades da foz do Tejo, não muito longe do oceano, donde se escutam os sons produzidos pelo cíclico movimento das ondas e percebe-se a maresia.
O fim da tarde, quando o céu parece baixo e a neblina anuncia o cair da noite, induz no poeta um langor triste e melancólico, que desperta uma vaga dor soturna da alma.
Os rumores das carruagens, indo à via-férrea, acentuam nele a jamais satisfeita necessidade de viajar, de fugir para longe, de conhecer outros lugares, outras vidas.

A vista dos mestres carpinteiros que, às badaladas dos sinos, deixam os andaimes de madeira, que engaiolam os edifícios em construção, e dos calafates que, aos magotes, voltam para a casa pelas ruas do porto, enfarruscados, fazem o poeta refletir, enquanto se introduz nos cais onde estão fundeados os botes.

Está no mar a vocação do Portugal, povo de navegadores, conquistadores e exploradores e ao mar pertencem as crônicas navais.
Evocados pela imaginação do poeta, revivem os protagonistas da História de Portugal. Da originária conquista moura e arabização da região entre o Douro e o Minho (Portucale), até às guerras de reconquista contra os Mouros; dos Descobrimentos, até às batalhas pelo predomínio nos mares e à fundação das colônias, que formaram o grande Império português.
O rio Tejo, em cuja margem setentrional estende-se a cidade de Lisboa, evoca um outro rio, o Mecom, em que naufragou Camões, o cantor da epopeia heroica de Portugal, o qual nadando salvou Os Lusíadas da destruição.  

Mas Cesário quer recordar também os inúmeros marinheiros desconhecidos, que nos navios de vela sulcaram e vão sulcar os mares, enfrentando tormentas e naufrágios fatais. São os filhos das mulheres portuguesas acostumadas ao mar. Semelhantes a um cardume negro elas veem na direção dele, enquanto dirigem-se a Alfâma, o bairro dos pescadores.
Ao longo das ruas do porto animam-se, para o jantar, os hotéis da moda, enquanto vazam-se os arsenais e as oficinas.

O poeta percorre as ruas de Lisboa; si acendem as luzes dos lampiões de gás.
A vista dos cárceres: o Aljube, cárcere feminino, e o Limoeiro, masculino, ricos de história, os quais estão nas proximidades da velha Sé Patriarcal, famosa pelas suas Cruzes, entristece o ânimo, apenas distraído pelos halos das lâmpadas de gás que vêm dos locais ainda abertos.
No Largo das Duas Igrejas, dedicado ao poeta satírico Chiado, a vista é atraída pela longa procissão de padres e monges que saem, com seus trajes escuros, dos dois templos.
É a ocasião para fazer um mergulho na História.
O poeta delineia com a fantasia a figura severa de um Inquisidor, representante, desde o século XVI, do poder onipotente da Igreja em Portugal. No século XVIII, o poder da Inquisição foi reduzido consideravelmente pelo Marquês de Pombal, anticlerical e adepto do Despotismo Esclarecido, mas principalmente reedificador de Lisboa, destruída pelo terrível terremoto de 1755.

Cesário caminha agora na Baixa Pombalina, inteiramente redesenhada pelos arquitetos de Pombal com uma estrutura reticular, ordenada e regular. Os altos edifícios sobrestantes provocam uma sensação de encerramento, que não reduzem as íngremes ladeiras das ruas circunstantes. O som dos sinos chama à oração.
Na Praça Luís de Camões ergue-se, alta sobre o seu pedestal, a estátua em bronze que a cidade dedicou, em 1867, ao grande poeta épico autor d’Os Lusíadas.

O itinerário histórico prossegue pelos bairros comerciais, triste teatro das epidemias de cólera e febre-amarela, evocadas pelo poeta como num sonho espectral. A morte e a destruição parecem guiar os seus passos, enquanto observa os arcos ogivais do antigo Convento do Carmo, destruído pelo terremoto e sucessivamente ocupado, em parte, por um quartel.

O plano da imaginaria e aquele da realidade se entrecruzam continuamente e o poeta o indica ao leitor mediante o léxico e o uso de verbos que denotam uma atividade mental. Também o uso de expressões adverbiais, cheias de sugestão: “rubramente”, “a pão”; “amareladamente” (nas estrofes 26 e 42), é pregnante, alusivo, denso de significado.

Caminhando, ele observa as ruas da cidade de noite. Resplandecem às luzes dos lampiões as vitrinas elegantes dos ourives; costureiras e floristas deixam as lojas; coristas e comparsas saem dos teatros.  Depois de uma breve pausa numa taberna frequentada pelos emigrados, que jogam o dominó ao gás, o passeio continua, enquanto a noite avança, oprimente.
A rua, com suas lojas fechadas há pouco, aparece ao poeta como a nave de uma igreja imensa, em cujos lados abrem-se capelas. Lhe parece ver santos e fiéis e jovens mulheres burguesas, que trazem à memória as freiras d’outrora, histéricas por causa dos jejuns e da caça às bruxas. 

Ao longo das ladeiras de Lisboa o poeta é rodeado pelas impressões visívas e olfativas que proveem da cidade operosa: o vermelho vivaz do ferro incandescente na forja, o perfume bom do pão, fruto do trabalho honesto; as vitrinas luminosas e atraentes das alfaiatarias à moda.
Do alto da rua e nos luxuosos bairros residenciais, se goza a vista da cidade, com os revérberos das suas luzes e o branco reflexo do luar sobre o lajedo das ladeiras.

Mas também os candelabros que iluminam as frontarias dos edifícios senhoris se apagam, enfim, e as armações polidas lhes dão a aparência de tristes mausoléus.
Somente os mendigos restam, lamentosos, nas esquinas das ruas.

Na vastidão da noite, sob o céu límpido e estrelado, o poeta pode cultivar o sonho irrealizável de partir…
O silêncio da noite é tão profundo que se pode ouvir o rumor de um parafuso, que se perde na escuridão da rua lajeada. O referimento ao “parafuso” provém certamente da experiência de Cesário na loja de ferragens do seu pai.
O poeta admira os imponentes portões dos edifícios, que correm em dupla fila nas duas calçadas da rua, como lendo numa pauta. A mente se detém sobre o mistério da existência, sobre o pensamento da morte e da vida.

Ainda uma vez ele quer celebrar o povo português cantando as mulheres trepidantes, mas corajosas, que formaram e vão formar uma raça de heróis, aqueles impávidos navegadores e exploradores que percorreram os continentes e sulcaram os oceanos. Entre eles sobressai Vasco da Gama, a quem Camões dedicou Os Lusíadas.
Nesta visão onírica, lançado no futuro, o poeta pode identificar-se com as gerações do porvir e, imerso em tal dimensão aberta à História, adverte forte o contraste com a vida presente.

As ruas apertadas de Lisboa, que agora atravessa, lhe parecem como as paredes de uma prisão.
Perigos de todos os tipos escondem-se nas trevas para o incauto viandante, vozes sufocadas parecem pedirem ajuda, mas ficam não ouvidas.
Das tabernas que se abrem para a rua úmida, são expulsos os últimos clientes, que, bêbados e cambaleantes, cantam, de braço dado, com tristeza e saudade.
Na cidade quase deserta o estado de alma de Cesário se assombra, enquanto não deixa de observar os raros caminhantes, os guardas noturnos dedicados ao trabalho de chaveiros e as meretrizes. Até mesmo os cães vadios, os quais, magros, amarelados (mas o poeta diz: “amareladamente”, criando um neologismo) vagueiam furtivos, lhe parecem lobos.

O pensamento da morte agora domina a mente do poeta e muda a visão do mundo: a cidade vazia lhe aparece como um imenso cemitério, e a alma, não mais distraída pelos signos e sons da vida vivida, pode perceber a verdadeira essência das coisas.
O círculo é completo. Aquilo que na primeira estrofe era “um desejo absurdo de sofrer”, é, na última, “um sinistro mardedor humana”, do qual o rancor, primeiro estádio do ódio, é como uma maré.
Uma concepção permeada por um profundo pessimismo.

 

 

 

Il poema Il Sentimento di un Occidentale fu scritto da Cesário Verde in occasione del tricentenario di Luís Vaz de Camões e pubblicato a Porto nel 1880, dietro sollecitazione di Ramalho Ortigão, nella pagina intitolata Il Portogallo a Camões della edizione straordinaria del Jornal de Viagens, che uscì il 10 giugno, giorno della morte dell’illustre poeta portoghese avvenuta il 10 giugno 1580. L’opera, quadripartita, fu successivamente sottotitolata dall’amico Silva Pinto, che ne curò l’edizione postuma del 1901, includendola ne Il Libro di Cesário Verde. I sottotitoli: “Ave Marie”, “Alla luce delle lampade a gas”, “Notte profonda”, “Ore morte”, sono da attribuire esclusivamente alla paternità di Silva Pinto, che apportò anche altre modifiche al testo originale.

Il Sentimento di un Occidentale è un grande affresco cittadino, all’interno del quale si intravvede il progetto evocativo e celebrativo della epopea e della Storia più recente portoghese.

Il poeta cammina per le strade di Lisbona, in una lunga passeggiata che comincia all’imbrunire, quando si sentono i rintocchi dell’“Ave Maria” delle numerose chiese della città, e si protrae nella notte, mentre già si sono accese nei locali le lampade a gas, fino a notte fonda.
Sensazioni visive, auditive e olfattive scandiscono il passaggio da una fase all’altra del giorno e della notte. Ad esse si accompagnano impressioni, stati d’animo e riflessioni suscitate dall’attraversamento dei quartieri e delle vie lisbonine, la cui architettura è già testimonianza storica.

La passeggiata comincia nella parte antica della città, nella zona del porto, situato in prossimità della foce del Tago, non
lontano dall’oceano, da dove si sentono i rumori prodotti dal ciclico movimento delle onde e gli odori caratteristici del mare.
L’ora della sera, il cielo grigio e caliginoso che preannuncia il calar della notte, inducono nel poeta un languore triste e melanconico, che risveglia un vago dolore sopito nell’anima.
I rumori delle carrozze, che vanno in direzione della ferrovia, accentuano in lui il mai soddisfatto bisogno di viaggiare, di fuggire lontano, di conoscere altri luoghi, altre vite.

La vista dei maestri carpentieri che, al rintocco delle campane, lasciano le impalcature di legno, che ingabbiano le case in costruzione, e degli impeciatori che, a frotte, tornano a casa per le vie del porto, sporchi di fuliggine, fa riflettere il poeta, che si addentra tra le banchine in cui sono ormeggiate piccole imbarcazioni.

Nel mare è la vocazione del Portogallo, popolo di navigatori, conquistatori ed esploratori e al mare appartengono le cronache navali.
Evocati dalla immaginazione del poeta, rivivono i protagonisti della Storia del Portogallo. Dalla originaria conquista moresca e arabizzazione della regione tra il Douro e il Minho (Portucale), alle guerre di riconquista contro i Mori; dai grandi viaggi di scoperta, alle battaglie per il predominio sui mari e alla fondazione delle colonie, che formarono il grande Impero portoghese.
Il fiume Tago, sul cui margine settentrionale si estende la città di Lisbona, evoca un altro fiume, il Mekong, nel quale naufragò Camões, il vate della epopea eroica del Portogallo, portando in salvo a nuoto I Lusiadi.

Ma Cesário vuole ricordare i molti sconosciuti marinai, che sulle navi a vela hanno solcato e solcheranno i mari, affrontando tempeste improvvise e fatali naufragi. Sono i figli delle donne portoghesi, avvezze al mare. Simili a uno scuro banco di pesci esse gli vengono incontro, mentre si dirigono all’Alfama, il quartiere dei pescatori.
Lungo le vie del porto si animano, per la cena, gli alberghi alla moda, mentre si svuotano gli arsenali e le officine.  

Il poeta percorre le vie di Lisbona; si accendono le luci dei lampioni a gas.
La vista delle carceri: l’Aljube, carcere femminile, e il Limoeiro, maschile, ricchi di storia, che si trovano in prossimità dell’antica Cattedrale di Lisbona, famosa per le sue preziose Croci, rattrista l’animo, appena distratto dagli aloni delle lampade a gas provenienti dai locali ancora aperti.
Nel Largo delle Due Chiese, dedicato al poeta satirico Chiado, la vista è attratta dalla lunga processione di preti e monaci che escono, con i loro abiti scuri, dai due templi.
È l’occasione per fare un tuffo nella Storia.  
Il poeta disegna con la fantasia la figura severa di un Inquisitore, rappresentante, dal sec. XVI, dell’onnipotente potere della Chiesa in Portogallo. Nel sec. XVIII il potere dell’Inquisizione fu ridotto considerevolmente dal Marchese di Pombal, anticlericale e seguace del Dispotismo Illuminato, ma soprattutto riedificatore di Lisbona, distrutta dal terribile terremoto del 1755.

Cesário cammina ora nella Baixa Pombalina, interamente ridisegnata dagli architetti di Pombal con una struttura reticolare, ordinata e regolare. Gli alti palazzi sovrastanti generano un senso di chiusura, che non alleviano le ripide salite delle strade circostanti. Il suono delle campane invita alla preghiera.
Nella Piazza Luís de Camões si erge, alta sul suo piedistallo, la statua bronzea che la città ha dedicato, nel 1867, al grande poeta epico autore de I Lusiadi.

L’itinerario storico prosegue per i quartieri commerciali, triste teatro delle epidemie di colera e febbre gialla, evocate dal poeta come in un sogno spettrale. La morte e la distruzione sembrano guidare i suoi passi, mentre osserva gli archi ogivali dell’antico Convento del Carmine, distrutto dal terremoto e successivamente occupato in parte da una caserma.

Il piano dell’immaginario e quello della realtà si intersecano continuamente e il poeta lo segnala al lettore attraverso il lessico e l’uso di verbi che indicano attività mentale. Anche l’uso di espressioni avverbiali, piene di suggestione: “rubramente”, “a pão”; “amareladamente” (nelle strofe 26 e 42), è pregnante, allusivo, denso di significato.

Camminando, egli osserva le vie della città di notte. Risplendono alla luce dei lampioni le vetrine eleganti degli orefici; sarte e fioriste lasciano gli atelier; coriste e figuranti escono dai teatri.
Dopo una breve sosta in una trattoria frequentata da emigrati, che giocano a domino alla luce delle lampade a gas, la passeggiata continua, mentre la notte avanza, opprimente.
La strada, costeggiata dai negozi appena chiusi, appare al poeta come la navata di una lunghissima chiesa, ai cui lati si aprono cappelle. Gli sembra di vedere santi e fedeli e giovani donne borghesi, che richiamano alla mente le suore d’altri tempi, isteriche per i digiuni e la caccia alle streghe.

Lungo le salite di Lisbona il poeta è avvolto dalle impressioni visive e olfattive che vengono dalla città operosa: il rosso vivace del ferro incandescente alla forgia, il profumo buono del pane, frutto di un onesto lavoro; le vetrine luminose e attraenti delle sartorie alla moda.
Dall’alto della via e nei lussuosi quartieri residenziali, si gode la vista della città, con il riverbero delle sue luci e il bianco riflesso della luna sulla pavimentazione lapidea delle strade in discesa.
Ma anche i candelabri che illuminano le facciate dei palazzi signorili si spengono, infine, e i rivestimenti di legno pregiato danno loro l’apparenza di tristi case dei morti.

Solo i mendicanti rimangono, lamentosi, all’angolo delle strade.

Nella vastità della notte, sotto il cielo limpido e stellato, il poeta può coltivare il sogno irrealizzabile di partire…
Il silenzio della notte è tanto profondo che si può udire il rumore di una vite, che si perde nel buio della via lastricata. Il riferimento alla “vite” attinge, certo, all’esperienza di Cesário nel negozio di ferramenta di suo padre.
Il poeta ammira gli imponenti portoni dei palazzi, che scorrono in doppia fila ai due lati della strada, come se leggesse in un pentagramma. La mente indugia sul mistero dell’esistenza, sul pensiero della morte e della vita.

Ancora una volta egli vuole celebrare il popolo portoghese cantando le donne trepidanti, eppure coraggiose, che hanno formato e formeranno una razza di eroi, quegli impavidi navigatori ed esploratori che hanno percorso i continenti e attraversato gli oceani. Tra essi spicca Vasco da Gama, a cui Camões dedica I Lusiadi.
In questa visione onirica, proiettato verso il futuro, il poeta si identifica con le generazioni che verranno e, immerso in tale dimensione aperta alla Storia, avverte forte il contrasto con la vita presente.

Le strette strade di Lisbona, che ora percorre, gli appaiono come le pareti di una prigione.
Pericoli di ogni tipo si nascondono nell’oscurità per l’incauto viandante, voci strozzate sembra chiedano aiuto, inascoltate.
Dalle taverne che si affacciano nell’umida via, vengono espulsi gli ultimi avventori, che, barcollando ubriachi, a braccetto, cantano con tristezza e nostalgia.                                           
Nella città quasi deserta lo stato d’animo di Cesário si incupisce, mentre non cessa di osservare i rari passanti, i metronotte intenti al loro lavoro di vigilanti e le prostitute. Perfino i cani randagi, che, magri, giallastri (ma il poeta dice: “giallamente”, coniando un neologismo) vagano furtivi,gli sembrano lupi.

Il pensiero della morte ora domina la mente del poeta e cambia la visione del mondo: la città vuota gli appare come un immenso cimitero e l’animo, non più distratto dai segni e dai suoni della vita vissuta, può cogliere la vera essenza delle cose.
Il cerchio si chiude. Ciò che nella prima strofa era solo “un desiderio assurdo di soffrire”, è, nell’ultima, “un sinistro mare” di “dolore umano”, di cui il rancore, primo stadio dell’odio, è come una marea.

Una concezione venata da un profondo pessimismo.