CANTIGAS

     CANZONI


Chamam-se Cantigas de Amor e Cantigas de Amigo as poesias de conteúdo lírico compostas durante a Idade Média pelos poetas ibéricos, que utilizavam para trovar a lingua galego-portuguesa, originaria da Galiza, no noroeste da Península Ibérica.
A lingua galego-portuguesa formou-se entre o sec.VIII e o sec. XII -quando a Península Ibérica foi dominada pelos árabes- e tornou-se, nos dois séculos sucessivos, a lingua usada pelos poetas líricos da região e pan-ibéricos. Devido à doçura e a variedade de inflexões, esta foi avaliada como digna e capaz de exprimir os estados de ânimo e as delicadas esfumaturas dos sentimentos; por meados do XIV século foi declarada a lingua convencional do genero lírico.
As cantigas que chegaram até hoje estão reunidas em três Cancioneiros que contêm, segundo a classificação por temas feita no Mil e Quinhentos pelo poeta Garcia de Resende, "cantigas de Gentileza" e "coisas de Folgar". Nas "cantigas de Gentileza" estão incluidas as cantigas de amor e as cantigas de amigo, enquanto que entre as "cosas de Folgar" se podem elencar as cantigas de escárnio o mal-dizer. A estas se somam aquelas de inspiração religiosa, que comprêendem as "Romarias", relacionadas aos peregrinagens de devoção e o cancioneiro: Cantigas de Santa Maria, no qual se exaltam os milagres da Virgem Maria e cantam-se os seus louvores, atribuido ao rei Don Alfonso X o Sábio de Castela, o qual trovou, também,em galego-português.

Os autores foram principalmente trovadores e jograis ou segreis de vária extracção social e proveniência, porém, havendo em comum os mesmos módulos estilisticos e os temas, em parte típicos da poesia trovadoresca medieva europeia, em parte próprios da tradição local, portuguesa ou árabe. As cantigas eram constituidas por palavras e som. Os versos em rima e com um número regular de sílabas, formavam estâncias de diversa longuidão e forma métrica a mais famosa era a estância paralelistica que, se terminavam com a repetição de um ou mais versos, eram chamadas "cantigas de refran".
A música que acompanhava a declamação cantada era muito importante, como se deduz do cancioneiro mais antigo, chamado: Cancioneiro da Ajuda, (assim nomeado da Biblioteca do Palácio Real, num bairro de Lisboa, aonde é conservado). Ao lado do texto poético existe um espaço destinado às notaçôes musicais.
Foram chamadas, "cantigas de mestria" - com referência à forma métrica - aquelas sem estribilho, mas sempre "de Gentileza".

A escolha de uma boa razão sobre a qual trovar era o primeiro passo para uma composição aprazível; depois precisava seguir as regras métricas da cantiga. Não era necessária a condição de que o argumento e a estrutura das estâncias fosse nova e nem sequer a música. Se, o trovador, que habitualmente era o autor das palavras e do som, não havia conhecimentos musicais, podia escolher uma melodia de um outro trovador, à qual adaptava a razão já em versos, ou então a parte musical era entregada a um jogral experto em música.

Os temas das cantigas de amor refletem a concepção do amor cortês de tradição trovadoresca provençal.
Falando em primeira pessoa o poeta-vassalo proclama a sua devoção absoluta à dama, que chama:"mia senhor", "fremosa mia senhor"; "senhor". Dirigindo-se a ela com o titulo: "senhor" (a palavra "senhor" é do genero masculino), tradicionalmente reservado ao rei ou a um feudatário de alto grau, ao qual o vassalo presta obediência e serviço feudal, ele se empenha totalmente no serviço de amor sofrendo afães e coitas, mesmo a custo da própria vida.
Da "senhor" si celebra a "fremosura", "e falar mui ben, e riir melhor que outra molher" e o "parecer"; mas também o silêncio e a indiferência que acrescem no poeta as angustias da paixão e induzem pressentimentos de morte.
O poeta ama, mas não recolhe senão dor e tristeza. Grande é a força do sentimento amoroso, mas a este se acompanha sempre a coita de amor, à qual aquele que ama não se subtrai pronto a cumprir todos os sacrifícios.

Todavia, as outras coitas aparecem de menor importância em comparação com aquelas que prova o poeta quando a mulher amada se casa. O tema da mulher "malcasada", inspirado a uma particular figura feminina ideal, é caracteristico da lírica galego-portuguesa desde as suas origens. Este tema foi caro ao rei-poeta Dom Dinis
1261-1325), filho do rei de Portugal Dom Afonso III, genro daquele Don Alfonso o Sábio, que havia promovido na sua corte a cultura e a prosa castelhana, mas que ao mesmo tempo era autor de trovas em galego-português e colaborador dos Cancioneiros.

O nível mais alto da lírica galego-portuguesa se alcançou, porém, com as cantigas de amigo, também compostas pelos trovadores masculinos, mas expressas por uma voz feminina que lamenta, muitas vezes através dum diálogo, a ausência do amigo eleito.
Este tipo de cantiga faz uso prevalentemente da estância paralelistica, mais breve e adapta para delinear com poucos traços, o estado de ânimo de tristeza ou de jóia ou de espera; de delusão, de lástima ou de despeito. A protagonista do sentimento amoroso é uma mulher, quase sempre do povo, que ama honestamente e com um coração sincero o homem que escolheu. Se não vem correspondida, ela busca de tornar o seu aspecto mais atraente para comovê-lo, mas se vem traida então renúncia ao amor; ao invés, se vem correspondida no seu amor, então se aflige e se angústia porque o seu medo maior é ver ou saber dos sofrimentos do amado nas suas coitas de amor, antes que sofrer as suas próprias dores.
Ao exprimir os seus lamentos e as dúvidas tormentosas do amor, ela dirije-se diretamente ao seu amado longínquo, ou mais freqüentemente à figuras de um universo ao feminino, das quais busca a confidência e a cumplicidade: a mãe, as amigas-irmãs, as partes femininas dos elementos naturais.

A Natureza é o cenário sugestivo no qual acontecem os pequenos e grandes dramas quotidianos de uma mulher apaixonada.
Ela invoca as ondas do mar e as flores das árvores, que as vezes lhe respondem e a consolam; vive com trepidação e pena a solidão das longas noites à espera da alvorada na qual poderá encontrar o amigo, seu "lum" e seu "ben"; vai à beira do Oceano para receber um marinheiro, que talvez nunca voltará, e consume-se na espera, na lástima e na esperança de vê-lo chegar, naquele estado de ânimo etéreo e indescritível que, com uma palavra só, na cultura do povo Português chama-se "saudade".

O sentimento da "saudade", a menção do mar, o tema recorrente da tristeza da coita de amor, o uso do refrão, a invocação feminina, nos fazem pensar a uma poesia de origem popular e folclórica, com caracteristicas próprias dos jograis, mas que abrange também uma tradição ibérica precedente e autoctona, além das influências da literatura moçárabe e eclesiástica enxertadas no substrato românico.
Na tradição moçárabe são presentes poesias nas quais jovens mulheres invocam o amigo enquanto é forte a influência da literatura eclesiástica - cantos religiosos ou "Romarias"- numa região na qual um vasto movimento de peregrinos dirigiam-se à igrejas e à santuários, como aquele de Santiago de Compostela, na Galiza.
A cantiga: No mundo non me sei parelha, chamada a " Ribeirinha " desde o nome da mulher que nessa se canta, se poderia datar provàvelmente ao 1189. É a mais antiga.
É uma cantiga com a forma chamada de "mestria", isto é sem refrão, e foi composta pelo poeta Paio Soares de Taveirós, um fidalgo galiziano, que viveu aos tempos do rei Dom Sancho I.
 

Si chiamano Canzoni d'Amore e Canzoni d'Amico le poesie di contenuto lirico composte durante il Medioevo da poeti iberici, che utilizzavano come lingua per poetare il galego-portoghese, originario della Galizia, nel nord-ovest della Penisola Iberica.
La lingua galego-portoghese si era formata tra il sec. VIII e il sec. XII - quando la Penisola Iberica subì la dominazione araba - e divenne, nei due secoli successivi, la lingua usata dai poeti lirici della regione e peninsulari. Per la dolcezza e la varietà di inflessioni, essa era stimata degna e capace di esprimere gli stati d'animo e le delicate sfumature dei sentimenti; intorno alla metà del sec. XIV era considerata la lingua convenzionale del genere lirico.

Le canzoni giunte fino a noi sono raccolte in tre Canzonieri contenenti, secondo la classificazione per temi fatta nel Cinquecento dal poeta Garcia de Resende, "liriche Cortesi" e "liriche Goderecce".
Delle "liriche Cortesi" fanno parte le canzoni d'amore e le canzoni d'amico, mentre tra le "liriche Goderecce" si possono annoverare le canzoni di scherno o maldicenza. A queste si aggiunge la produzione di ispirazione religiosa, che comprende le "canzoni di Romeria", legate ai pellegrinaggi di devozione e la raccolta: Canzoni di Santa Maria, in cui si esaltano i miracoli della Vergine Maria e si cantano le sue lodi, attribuita al re Don Alfonso X il Saggio di Castiglia, che poetó in galego-portoghese.

Gli autori erano per lo più trovatori e giullari o poeti di Corte di varia estrazione sociale e provenienza, ma accomunati dall'uso degli stessi moduli stilistici e dai temi, in parte tipici della poesia trobadorica medievale europea, in parte propri della tradizione locale, portoghese o araba.
Le canzoni erano costituite da parole e musica. I versi, in rima e con un numero regolare di sillabe, formavano strofe di varia lunghezza e forme metriche la più famosa era la strofe parallelistica che, quando si concludevano con la ripetizione di uno o più versi, erano chiamate "canzoni con ritornello".
La musica che accompagnava la declamazione cantata era molto importante, come si può capire dal canzoniere più antico, detto: Canzoniere di Ajuda (cosi chiamato dalla Biblioteca del Palazzo Reale, in un quartiere di Lisbona, dove é conservato). Accanto al testo poetico si trova uno spazio destinato alle notazioni musicali.
Si chiamavano invece "canzoni di maestria" - con riferimento alla forma metrica - quelle senza ritornello, ma sempre "di Cortesia;"

La scelta di un buon argomento su cui poetare era il primo passo per una composizione apprezzabile, poi bisognava seguire le regole metriche della canzone. Non si richiedeva la condizione che l'argomento e la struttura delle strofe fosse nuova e neppure la musica. Se il trovatore, che di norma era l'autore delle parole e della musica, non aveva conoscenze musicali, poteva scegliere una melodia di un altro trovatore, alla quale adattava l'argomento già redatto in versi, oppure la parte musicale era affidata a un giullare che fosse un musico esperto.

I temi delle canzoni d'amore riflettono la concezione dell'amore cortese della tradizione trobadorica provenzale.
Parlando in prima persona il poeta vassallo proclama la sua devozione assoluta alla dama, che chiama: "mia signore", "mia splendida signore", "signore".
Rivolgendosi a lei con il titolo: "signore" (la parola "signore" é di genere maschile), tradizionalmente riservato al re o a un feudatario di rango elevato, al quale il vassallo presta obbedienza e servizio feudale, egli si impegna totalmente nel servizio d'amore, sopportando affanni e pene anche a costo della sua stessa vita.
Della "signore" si celebra la "bellezza", "e saper ben parlare e ridere con grazia tra le altre donne" e il "saper apparire"; ma anche il silenzio e l'indifferenza che acuiscono nel poeta gli affanni della passione e inducono presentimenti di morte.
l poeta ama e non ricava altro che dolore e tristezza. Grande é la forza del sentimento amoroso, ma ad esso si accompagna sempre la pena d'amore, a cui colui che ama non si sottrae pronto a compiere ogni sacrificio.

Tuttavia le altre sofferenze appaiono trascurabili se paragonate a quelle che prova il poeta quando la donna amata prende marito.
Il tema della donna "malmaritata", ispirato a una figura femminile ideale particolare, é caratteristico della lirica galego-portoghese delle origini. Esso fu caro al re poeta Don Dinis (1261-1325), figlio del re di Portogallo Don Afonso III, genero di quel Don Alfonso il Savio, che aveva promosso nella sua corte la cultura e la prosa castigliana, ma nello stesso tempo era autore  di poesie in galego-portoghese e collaboratore di Canzonieri.

Il livello più alto della lirica galego-portoghese delle origini fu raggiunto, però, con le canzoni d'amico, scritte anch'esse da trovatori maschi, ma espresse  da una voce femminile che lamenta, spesso attraverso un dialogo, la lontananza dall'amico di elezione.
Questo tipo di canzone fa uso prevalentemente della strofe parallelistica,  più breve e adatta a delineare, con pochi tratti, stati d'animo di tristezza o di letizia o di attesa; di delusione, di rimpianto o di dispetto. La protagonista del sentimento amoroso é una donna, quasi sempre del popolo, che ama onestamente e con cuore sincero l'uomo che ha scelto. Sé corrisposta, ella cerca di rendere il suo aspetto più attraente per commuoverlo, ma rinuncia all'amore se é tradita; se invece ama corrisposta, si affligge e si angustia perché la sua paura più grande é saper o vedere patire l'amato nelle pene d'amore, piuttosto che patire   ella stessa.
Nell'esprimere le sue lamentazioni e i tormentosi dubbi dell'amore, ella si rivolge direttamente al suo amato lontano, ma più spesso a figure di un universo al femminile, di cui ricerca la confidenza e la complicità: la madre, le amiche sorelle, le parti femminili degli elementi naturali.

La Natura é lo scenario suggestivo in cui avvengono piccoli e grandi drammi quotidiani di una donna innamorata.
Ella invoca le onde del mare e le infiorescenze degli alberi, che talvolta le rispondono e la consolano; vive con trepidazione e pena la solitudine delle lunghe notti in attesa della luce dell'alba in cui incontrerà l'amico, sua "luce" e suo "bene"; si reca sulla riva dell'Oceano per accogliere un marinaio, che forse mai tornerà, e si strugge nell'attesa, nel rimpianto e nella speranza di vederlo arrivare, in quello stato d'animo etereo e indescrivibile che, con una sola parola, nella cultura del popolo Portoghese si chiama "saudade".

Il sentimento della "saudade", il richiamo al mare, il tema ricorrente della tristezza e della pena d'amore, l'uso del ritornello, l'invocazione femminile, fanno pensare a una poesia di origine popolare e folclorica, con caratteri giullareschi, ma che raccoglie anche una tradizione iberica precedente e autoctona, e risente delle manifestazioni letterarie arabe ed ecclesiastiche innestatesi sul sostrato romanico.
Nella tradizione arabo-andalusa sono presenti composizioni poetiche in cui giovani donne invocano l'amico; mentre forte é l'influenza della letteratura ecclesiastica - canti religiosi o "Romerie" in una regione in cui vasti  movimenti di pellegrini si dirigevano a chiese e a santuari, come quello di Santiago di Compostella, in Galizia.
La canzone Nel mondo non conosco a me eguali, detta la       "Ribeirinha", dal nome della donna che in essa si canta, risale probabilmente al 1189. É la più antica.
É una canzone della forma detta di "maestria", cioè senza ritornello, e fu composta dal poeta Paio Soares de Taveirós, un nobile galiziano, vissuto  al tempo del re Don Sancho I.

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