Depois do descobrimento do Brasil, em 1500, por Pedro
Álvares Cabral, que tomou posse formal em nome da Coroa
Portuguesa da terra situada a oriente do meridiano de
Tordesilhas, nos decénios seguintes a exploração e a
colonização do vasto território foram realizadas ocasionalmente.
Cerca de 1530, Dom João III de Portugal, com o intento
de favorecer a emigração de colonos para as novas terras,
instituiu as primeiras capitanias e em 1531, por encargo
da Coroa, Martim Afonso de Sousa, com trezentos colonos
e uma esquadra, empreendeu uma expedição com o propósito
de organizar os primeiros estabelecimentos coloniais
no Brasil. Assim foi feito, fundando duas colonias no
actual estado de São Paulo.
Em 1534, o território
do Brasil resultava dividido em doze capitanias
hereditárias, paralelas ao equador, que foram
doadas inteiras ou em quinhões a fidalgos portugueses,
que receberam também privilégios e vantagens
e os mais amplos poderes, com a condição de dar
avio à colonização e exploração dos recursos
locais. Às primeiras se acrescentaram, depois,
as capitanias do Maranhão, Piauí e Ceará.
O encargo era muito
pesado, seja pelas incógnitas e os perigos que implicavam
a longa viagem e a terra ainda inexplorada, amiúde
habitada por povos hostis, seja pela despesa enorme
de dinheiro que a empresa absorveria.
Em 1535, Dom João
III deu ao fidalgo português António Cardoso
de Barros a Capitania do Siará
, mas ele faleceu depois de vinte e um anos e nunca chegou a tomar posse efectiva
do cargo.
Então, como muitos donatários desistiram
de suas capitanias, em 1549 a Coroa resgatou
a da Baía, onde instituiu o goveno-geral
da colonia, a que ficaram sujeitas as outras
capitanias.
Exceto alguns fossados e gazivas, o projecto
da exploração e colonização da costa atlântica
do nordeste do Brasil recomeçou só em 1600.
Durante o reinado
de Filipe III de Espanha (em Portugal, Filipe
II), Diogo Botelho, VIII governador-geral do
Brasil, deu o encargo de colonizar o Siará
Grande
ao fidalgo português Pêro Coelho de Sousa, que recebeu a patente de capitão-mor.
Este, com cerca de oitenta colonos e oitocentos
índios, partindo da Paraíba já colonizada pelo
seu cunhado Frutuoso Barbosa alcançou a foz do
rio Jaguaribe, onde fundou o povoado de Nova
Lisboa”. Chamou a região que pretendia explorar
Provincia de Jaguaribe e Ceará e a sua bandeira
chegou até aos contrafortes da Serra da Ibiapaba,
com muitas dificuldades do meio e perdas de homens,
também por causa de enfermidades e hostilidades
dos indígenas.
Na região da Ibiapaba teve diversas lutas com
os Franceses que se estabeleceram no Maranhão
e procuravam estender a ocupação das terras para
sudeste.
Já que ficou isolado
durante uma expedição, mandaram-lhe João Soromenho
com socorros. Mas Soromenho, autorizado a fazer
cativos para indemnizar as despesas, não respeitou
nem mesmo seus aliados, os índios do Jaguaribe
que fizeram aliança com os Portuguêses, tornando-se
odioso e inviso a todos os indígenas, de forma
a provocar, pelas hostilidades que se seguiram,
a fuga dos colonos e o malogro do povoado de
Nova Lisboa”.
Pêro Coelho de Sousa ficou desamparado e voltou por
terra à Paraíba com sua esposa e filhos.
Melhor efeito teve, entre 1608 e 1610, a segunda
tentativa de colonização do Ceará, realizada por
Martins Soares Moreno mediante uma politica não agressiva,
estabelecendo relações pacíficas e amigaveis com
as tribos índias.
Vindo do Rio Grande do Norte, o português Martins
Soares Moreno tomara parte na primeira expedição
de Pêro Coelho. Alcançando as margens do rio Acaracu,
se ligou de amizade com Jacaúna, chefe dos índios
pitiguara que habitavam a costa, e com o seu irmão
Poti. Com a ajuda e a proteção das tribos dos Pitiguaras,
conseguiu em 1611 fundar um povoado duradouro, o
presídio de Nossa Senhora do Amparo. Em 1619 recebeu
da Coroa Portuguesa a chefia da Capitania do Ceará,
cargo que ocupou em 1621.
Em 1624 começou a
Guerra Holandesa que reabriu as hostilidades
entre Portugueses e Holandeses no solo brasileiro.
Desde o início do Interregno Espanhol em Portugal
(1580-1640), aproveitando a debilidade da Coroa Portuguesa
por causa da sujeição dela ao dominio espanhol, os
Holandeses bem como os Franceses e Ingleses intentaram
empolgar parte do vasto império português.
Ingleses e Holandeses apoderaram-se das principais
possessões portuguesas no Oriente. Os Holandeses
tomaram Angola, a Guiné, São Tomé e uma parte
do Brasil.
Da região do Xingu e do Gurupá, onde se estabeleceram
a principio, começaram a expansão em direção ao território
nordestino, atingindo a costa do Pernambuco e, além,
a Baía. Em 1630 os Holandeses tomaram as cidades
de Olinda e Recife, retomadas só em 1654 após uma
longa luta.
Em 1636 assumiu o comando da armada holandesa Maurício
de Nassau, que em 1637 ampliou a conquista até ao
Ceará e Sergipe. Em 1640 tentou apoderar-se do Maranhão
donde foi expulso em 1644.
Depois do Interregno Espanhol, que marcou a Restauração
portuguesa sob a autoridade soberana de Dom João
IV (1640), e tendo regressado à Europa Maurício de
Nassau, a sorte da guerra mudou.
Fatores diversos tornaram possivel a defesa do solo
brasileiro: a chegada de Portugal, em 1647, do general
Francisco Barreto de Meneses com reforços; a reação
anti-holandesa dos colonos portugueses, que em parte
(Olinda e Recife), eram favoraveis à dominação holandesa,
mais aberta e liberal, introduzida por Maurício de
Nassau; o empenho na luta anti-holandesa dos negros,
mestiços e patriotas do Brasil; mas principalmente,
a colaboração ativa, heroica e fiel à causa portuguesa
dos índios Tupi e da nação Pitiguara, aliados dos
Portugueses. Os índios Tupinambás, aliás, eram aliados
dos Franceses.
Entre os valorosos
defensores do Ceará e do Pernambuco ilustraram-se,
nas guerras luso-holandesas, Martins Soares Moreno,
que combateu com grande proeza e boa táctica,
e o seu grande amigo, o chefe pitiguara Poti-Camarão,
que ocupou os Holandeses numa guerra extenuante
de guerrilhas e em muitas batalhas.
Poti nasceu no Ceará.
Si converteu em 1614 ao Catolicismo, que havia conhecido
através da frequentação de seu amigo Martins
Soares Moreno, tomando o nome de Filipe António
Camarão (Poti significa em Tupi “camarão”).
Pela sua lealdade à causa portuguesa e pelos
seus méritos nas guerras luso-holandesas
foi agraciado por Filipe III de Espanha (em
Portugal, Filipe II) com o titulo de “Dom”
e obteve a “Comenda de Cristo”.
Tomou no exército o cargo de capitão-mor dos Pitiguaras
e de todos os índios do Brasil, obtendo vitórias
contra os Holandeses em S. Lourenço (1636), Pôrto
Calvo (1637), Mata Redonda (1638) e no sítio da cidade
da Baía.
Sua esposa, Clara
Camarão, o acompanhava em todas as expedições militares
e ela mesma empunhava as armas com grande resolução.
À frente de um batalhão feminino, salvou o exército
Português da derrota na batalha de Pôrto Calvo (1637).
Em 1648 o exército
Holandes foi destroçado na Baía; mas as duas
batalhas decisivas foram combatidas nos montes
Guararapes, a pouca distância do Recife, sob
o comando do general Francisco Barreto de Meneses.
Camarão,
que mandava a ala direita do exército, morreu durante
a primeira batalha dos Guararapes (1648), na qual
os Holandeses sofreram uma primeira pesada derrota.
A segunda batalha dos Guararapes (1649) marcou o
definitivo desbarato do inimigo.
Entre 1649 e 1653,
uma expedição organizada no Rio de Janeiro, reconquistou
Angola e a ilha de São Tomé, na Africa.
Em 1654 os Holandeses
sofreram a última derrota na Campina do Taborda
e capitularam, entregando aos Portugueses as
praças que ainda ocupavam no Brasil.
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Dopo la scoperta del Brasile, nel 1500,ad opera di
Pedro Álvares Cabral, che prese ufficialmente possesso,
in nome della Corona portoghese, della terra situata
a oriente del meridiano di Tordesilhas, nei decenni che
seguirono l’esplorazione e la colonizzazione del vasto
territorio si realizzò occasionalmente.
Intorno al 1530 Giovanni III del Portogallo, con
l’intento di favorire l’emigrazione di coloni verso
le nuove terre, istituì i primi capitanati e nel
1531, su incarico della Corona, Martim Afonso de
Sousa, con trecento coloni e una compagnia di soldati,
intraprese una spedizione che aveva lo scopo di organizzare
i primi insediamenti coloniali in Brasile. Cosa che
fu fatta, fondando due colonie nell’attuale stato
di São Paulo.
Nel 1534, il territorio
del Brasile risultava diviso
in dodici capitanati ereditari, paralleli all’equatore,
che furono donati interi o in parcelle a dei
nobili portoghesi, che ricevettero anche privilegi
e vantaggi e i più ampi poteri, a patto che ne
avviassero la colonizzazione e lo sfruttamento
delle risorse. Ai primi si aggiunsero, successivamente,
i capitanati del Maranhão, Piauí e Ceará.
L’incarico era assai gravoso, sia per le incognite
e i pericoli che implicavano il lungo viaggio e le
terre ancora inesplorate, spesso abitate da popoli
ostili, sia per l’enorme dispendio di denaro che
avrebbe richiesto l’impresa.
Nel 1535 il re Giovanni
III diede al nobile portoghese António Cardoso
de Barros il Capitanato del Siará, ma
costui morì ventuno anni dopo senza aver mai
assunto effettivamente l’incarico.
Poiché, dunque molti donatari avevano rinunciato
al loro capitanato, nel 1549 la Corona riscattò quello
del Baía, dove istituì il governo della colonia,
dal quale dipendevano gli altri capitanati.
A parte alcune scorrerie e incursioni predatorie,
il progetto di esplorazione e colonizzazione della
costa atlantica del nord-est del Brasile riprese
solo nel Seicento.
Sotto il regno di
Filippo III di Spagna (in Portogallo, Filippo
II), Diogo Botelho, VIII governatore del Brasile,
diede l’incarico di colonizzare il Siará Grandeal
nobile portoghese Pêro Coelho de Sousa, che venne
investito della funzione di comandante in capo.
Costui, con circa ottanta coloni e ottocento indi,
partendo dal Paraíba già colonizzato dal cognato
Frutuoso Barbosa raggiunse la foce del fiume Jaguaribe,
dove fondò l’insediamento di Nova Lisboa”. Chiamò
la regione che intendeva esplorare Provincia di Jaguaribe
e Ceará e la sua compagnia si spinse fino ai contrafforti
della Serra di Ibiapaba, con molte difficoltà ambientali
e ingenti perdite di uomini, anche a causa delle
infermità e delle ostilità degli indigeni.
Nella regione di Ibiapaba ebbe diversi scontri con
i Francesi, che si erano insediati nel Maranhão e
tentavano di estendere l’occupazione delle terre
verso sud-est.
Rimasto isolato durante
una spedizione, fu mandato in suo aiuto João
Soromenho. Ma Soromenho, autorizzato a fare prigionieri
per coprire le ingenti spese, non rispettò neppure
i suoi alleati, quegli indi del Jaguaribe
che avevano stretto alleanza con i Portoghesi,
rendendosi tanto odioso e inviso agli indigeni
da determinare, a causa delle ostilità che ne
seguirono, la fuga dei coloni e il fallimento
dell’insediamento di Nova Lisboa”.
Pêro Coelho de Sousa, rimasto senza protezione, tornò
via terra in Paraíba con moglie e figli.
Esito migliore ebbe, tra il 1608 e il 1610, il secondo
tentativo di colonizzazione del Ceará, realizzato
da Martins Soares Moreno attraverso una politica
non aggressiva, istituendo relazioni pacifiche e
amichevoli con le tribù indie.
Originario del Rio Grande do Norte, il portoghese
Martins Soares Moreno aveva preso parte alla prima
spedizione di Pêro Coelho. Spintosi fino alle rive
del fiume Acaracu, strinse legami di amicizia con
Jacaúna, capo degli indi pitiguara che abitavano
la costa, e con il fratello di questi, Poti. Con
l’aiuto e la protezione delle tribù dei Pitiguara
riuscì nel 1611 a fondare un insediamento duraturo,
il presidio di Nossa Senhora do Amparo. Nel 1619
ricevette dalla Corona portoghese il comando del Capitanato
del Ceará, incarico che assunse nel 1621.
Nel 1624 ebbe inizio la Guerra Olandese, che riaprì
le ostilità tra Portoghesi e Olandesi sul suolo brasiliano.
Fin dall’inizio dell’Interregno Spagnolo in Portogallo
(1580-1640), approfittando della debolezza della
Corona portoghese a causa della sua soggezione alla
Spagna, gli Olandesi come pure i Francesi e gli Inglesi
avevano tentato di impadronirsi con la forza di parte
del vasto impero portoghese.
Inglesi e Olandesi si erano impadroniti dei principali
possedimenti portoghesi d’Oriente. Gli Olandesi presero
l’Angola, la Guinea, São Tomé e una parte del Brasile.
Dalla regione dello Xingu e del Gurupá, dove si erano
stabiliti inizialmente, avevano cominciato l’espansione
verso il territorio nordestino, spingendosi fino
alle coste del Pernambuco
e oltre, nel Baía. Nel 1630 gli Olandesi presero
le città di Olinda e Recife, riconquistate solo nel
1654 dopo una lunga lotta.
Nel 1636 prese il comando dell’armata olandese Maurizio
di Nassau, che, nel 1637, estese la campagna di conquista
al Ceará e al Sergipe. Nel 1640 tentò di impadronirsi
del Maranhão, da cui fu cacciato nel 1644.
Dopo l’Interregno
Spagnolo, che segnò la Restaurazione portoghese
sotto la sovranità di Giovanni IV del Portogallo
(1640), e dopo il ritorno in Europa di Maurizio
di Nassau, le sorti della guerra cambiarono.
Diversi fattori resero possibile la difesa del suolo
brasiliano: l’arrivo dal Portogallo, nel 1647,
del generale Francisco Barreto de Meneses con dei
rinforzi; la reazione antiolandese dei coloni portoghesi,
che, in parte (Olinda e Recife), avevano visto con
favore la dominazione olandese, più aperta e liberale,
introdotta da Maurizio di Nassau; l’impegno nella
lotta antiolandese dei negri, meticci e patrioti
del Brasile; ma soprattutto la collaborazione attiva,
eroica e fedele alla causa portoghese degli indi
Tupi e della nazione Pitiguara, alleati dei Portoghesi.
Gli indi Tupinambá erano, invece, alleati dei Francesi.
Tra i valorosi difensori
del Ceará e del Pernambuco si distinsero, nelle
guerre luso-olandesi, Martins Soares Moreno,
che combatté con grande prodezza e buona tattica,
e il suo grande amico, il capo pitiguara Poti-Camarão,
che impegnò gli Olandesi in una estenuante guerriglia
e in molte battaglie.
Poti era nato in Ceará.
Si convertì nel 1614 al Cattolicesimo, che aveva
conosciuto attraverso la frequentazione del
suo amico portoghese Martins Soares Moreno,
prendendo il nome di Filipe António Camarão.(Poti significa in Tupi gambero). Per la sua lealtà alla
causa del Portogallo e per i suoi meriti
nelle guerre luso-olandesi fu insignito da
Filippo III di Spagna (in Portogallo, Filippo
II) del titolo di Don e ottenne la Commenda
di Cristo.
Ricoprì nell’esercito l’incarico di comandante
in capo dei Pitiguara e di tutti gli indi del
Brasile, riportando contro gli Olandesi vittorie
a S. Lourenço (1636), Pôrto Calvo (1637), Mata
Redonda (1638) e nell’assedio della città di
Baía.
La moglie, Clara Camarão, lo accompagnava in
tutte le spedizioni militari e impugnava lei
stessa le armi con grande determinazione. Guidando
un battaglione femminile, salvò l’esercito portoghese
dalla disfatta nella battaglia di Pôrto Calvo
(1637).
Nel 1648 l’esercito
Olandese fu sbaragliato nel Baía; ma le due battaglie
decisive si combatterono sui monti Guararapes,
a poca distanza da Recife, sotto la guida del
generale Francisco Barreto de Meneses.
Camarão, che comandava l’ala destra dell’esercito,
morì durante la prima battaglia di Guararapes (1648),
nella quale gli Olandesi subirono una prima pesante
sconfitta. La seconda battaglia di Guararapes (1649)
segnò la definitiva disfatta del nemico.
Tra il 1643 e il 1653,
una spedizione organizzata a Rio de Janeiro riconquistò
l’Angola e l’isola di São Tomé, in Africa.
Nel 1654 gli Olandesi
subirono l’ultima sconfitta a Campina do Taborda
e si arresero, restituendo ai Portoghesi Recife
e tutte le piazzeforti che ancora occupavano
in Brasile.
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