IV. A Catástrofe
Loredano convenceu quatro aventureiros, em quem confiava,
a fim de ajudá-lo no seu plano:contava entrar na casa,
matar os seus habitantes e raptar Cecília. Depois, enquanto
uma banda de aventureiros haveria atacado os Aimorés
do alto do rochedo, Loredano e os seus quatro cúmplices,
pretextando uma sortida para meter os selvagens entre
dois fogos, teriam fugido.
Enquanto isto se passava, o resto dos aventureiros soube
por João Feio que Loredano era um frade, que abjurara dos seus
votos; por isto quiseram capturá-lo e puni-lo em modo exemplar.
Eles pensavam que de tal maneira reconquistariam o perdão
de D. António.
Entanto, no campo do inimigo, os Aimorés preparavam-se
para sacrificar o prisioneiro. Peri rejeitou com firmeza o
amor e a liberdade que lhe oferecia a índia aimoré, que
fora incumbida de servir ao prisioneiro antes do banquete
ritual, e recusou fugir com ela.
Pouco depois, quatro guerreiros aimorés conduziram o
prisioneiro ao campo, o amarraram entre duas árvores
de modo que não se pudesse mover e começaram a girar
a roda dele, entoando o canto da vingança e convidando-o
ao combate.
De repente chegou o velho cacique com a tangapema coberta
de plumas e começou a desafiar Peri, ao qual, mesmo ligado
foi oferecida uma arma para se defender. Então, o cacique
entoou muitas vezes as palavras rituais, que condenavam
à morte o prisioneiro, enquanto o coro dos guerreiros
lhe faziam eco.
Imperceptivelmente Peri com uma mão desfez um dos nós
do seu saio de algodão e recolheu um pequeno coco que
ali estava. Depois levou as mãos ao rosto, curvando a
cabeça.
O velho aimoré, que já tinha alçado a tangapema para
matá-lo, pensou que tivesse medo, mas Peri, erguendo
a cabeça com uma expressão de júbilo, incitou-o a vibrar
o golpe decisivo. De repente um tiro de clavina, que
partiu dentre as árvores, abateu instantaneamente o cacique
dos Aimorés.
Então, diante dos selvagens, que ficaram extáticos, fez
irrupção D. Álvaro, que cortou os laços do prisioneiro e começou
a tirar fendentes entre os inimigos cheios de raiva,
junto com uma dezena de valorosos aventureiros. De fato
D. António, para satisfazer o pedido de Cecília aflita,
havia permitido que D. Álvaro, o qual se tinha generosamente
oferecido, fizesse uma sortida no campo do inimigo para
salvar Peri.
Só Isabel não estava de acordo com aquela decisão, pois
temia pela sorte daquele a quem amava. Mas o moço, antes
de partir, quis deixar uma doce lembrança na sua alma:
lhe disse que a amava. Depois da incursão no campo do
inimigo, Peri aceitou com relutância seguir D. Álvaro,
temendo que, no caso ele tivesse ficado, os Aimorés teriam
acabado por matar a todos.
Mais tarde, de volta à esplanada, o jovem índio explicou
a D. António o seu plano para salvar Cecília, matando
todos os canibais com o veneno que ele havia já engolido
e que os Aimorés haveriam consumido, quando tivessem
comido o seu corpo durante o banquete ritual.
Revelou, também, que tinha envenenado as bebidas dos
aventureiros rebeldes; mas D. António pronto mandou preveni-los
para que eles não bebessem.
De repente, devido ao veneno, Peri foi alterado por contracções
violentas. Iria a morrer, mas Cecília lhe suplicou que
se salvasse; com um esforço supremo o índio partiu
para buscar um antidoto na floresta.
Foi àquele ponto que os aventureiros derrubaram a parede
do fundo e preciptaram-se na sala. Mas D. António
já havia preparado a sua defesa, diante da qual os agressores
foram obrigados a recuar. No meio do gabinete encontrava-se
um vaso de barro cheio de pólvora, daonde partia
uma mecha, que terminava no paiol. O fidalgo e D. Álvaro
estavam prontos a incendiá-la com duas pistolas apontadas
às pólvoras.
Pouco depois, chegaram Aires Gomes e os outros aventureiros,
apoderaram-se de Loredano e pediram a D. António o perdão
de sua falta.
Durante a noite, D. Álvaro recebeu o encargo de fazer
uma expedição nos arredores com o fim de procurar víveres.
Levou consigo uma parte dos aventureiros, os outros haveriam
cuidado da defesa de D. António. A noite passou-se tranquilamente,
nada aconteceu: os Aimorés estavam estranhamente silenciosos.
Ao raiar do sol certificou-se de que haviam abandonado
o campo, depois de enterrarem os seus mortos.
Peri voltou à esplanada trazendo nos seus ombros o corpo
inanimado de D. Álvaro. Enquanto achava-se na floresta
procurando o antidoto do veneno, o índio encontrara-se
com os aventureiros guiados por D. Álvaroque enfrentavam
num combate mais de cem Aimorés. Quando viu D.
Álvaro cair golpeado por uma tangapema inimiga, Peri
interveio na luta, fazendo recuar os selvagens e levando
assim o corpo de D. Álvaro àqueles que o amavam. O moço
foi colocado na sala, aonde recebeu o pranto da despedida.
Mais tarde Isabel pediu um serviço a Peri: que levasse
o corpo inanimado de D.Álvaro para o seu quarto e o
deitasse no leito. Aqui, sozinha com ele, verdadeira
esposa do túmulo, dirigiu ao moço ardentes palavras de
amor num intenso colóquio, que terminou com a morte de
ambos.
Enquanto os Aimorés preparavam-se ao último assalto ao
rochedo, Peri aprontava uma corda de palma e um novo
plano. D. António, na última hora, quis que Cecília tomasse
uma bebida, que continha um soporifero, para que não
fosse testemunha dos acontecimentos mais dolorosos. Então
preparou-se com os seus homens para a extrema defesa.
O ataque dos Aimorés começou com uma chuva de setas inflamadas
que se abateram sobre o edificio; dentro de uma hora
eles teriam conquistado o rochedo.
Peri confiou a D. António que tinha preparado tudo para
que o fidalgo pudesse partir pondo a salvo ele mesmo
e sua filha Cecília. Mas D. António recusou a fuga no
momento do perigo, julgando-a indigna da honra e lealdade
de um fidalgo português, cujo dever manda partilhar a
sorte de seus companheiros.
Não podendo salvar a sua senhora, Peri declarou que ele
também haveria enfrentado a mesma sorte. Vendo a resolução
da grande dedicação que animava o índio, D. António lhe propôs
que se tornasse cristão, porque só sob esta condição
ele haveria podido confiar-lhe a salvação de Cecília.
Peri recebeu o baptismo por D. António, que lhe deu o
seu nome e despediu-se enfim dos dois jovens.
No momento propicio, quando as chamas lamberam a casa
e os Aimorés com grande clamor lançaram desde a esplanada
o último assalto, Peri tomou nos braços a moça adormecida e passando
pela janela do quarto que dava sobre o abismo, balançando-se
entre uma palma e o galho de uma arvore caida, passou
além do despenhadeiro. Pois alcançou as margens do rio
Paquequer e afastou-se numa canoa, que havia preparado,
junto a quanto pudesse servir àquela empresa. Foi então
que um estampido horrivel, causado pela explosão do paiol,
rompeu as trevas da noite, desmoronando o rochedo num
montão de ruinas e arrastando na mesma catástrofe os
seus habitantes e os Aimorés. Deixando atrás as ruinas,
a canoa de Peri corria ràpidamente sobre o Paquequer
com sua carga preciosa. O jovem índio, que havia de levar
Cecília à irmã de D. António, teve que revelar-lhe antes
de tudo a trágica sorte dos seus pais, enfrentando a
reação da jovem cheia de aflição e desespêro.
Mas, quando lhe disse que era cristão e que foi D. António que mandou que ele a
salvasse, Cecília aceitou com resignação os trágicos eventos
daquelas últimas horas.
A viajem continuou por toda a noite até que Peri, muito
cansado, amarrou a igara nas plantas palustres no meio do rio
e caiu no sono. Uma lágrima de Cecília, caindo sobre
a sua face, o despertou e o jovem índio lembrou-se dos seus deveres:
com a linguagem
figurada típica do seu povo, ele ofereceu à moça o seu
apoio, a sua proteção vigilante, a sua ajuda material
e a sua inabalável defesa.
Por sua vez Cecília disse que o reputava seu irmão e
não um escravo. Então, guiando-o na prece, recitou com
ele o Salve Rainha, começando assim a sua catequese.
Viajaram ainda até o meio dia, depois desembarcaram num
seio do rio sombrio e protegido, onde Cecília pôde
repousar.
Mais tarde Peri, enquanto preparava a refeição e ia construindo
um novo arco, lhe anunciou que em breve, após uma visita
à sua tribo, a haveria levado com os seus guerreiros
goitacás, à cidade do Rio e a teria deixado com a irmã
de D. António, mantendo assim a palavra
dada. Depois ele voltaria à sua tribo.
Mas Cecília pediu que Peri não a deixasse e só depois
de muito insistir é que pareceu compreender o fato que,
entre os brancos, o jovem cacique dos Goitacás seria
considerado um escravo e principalmente teria sido arrancado
do ambiente no qual nasceu e viveu.
Ao entardecer, Cecília pediu ao jovem bastante algodão
para fiar um vestido e uma pele para cobrir os seus pés
delicados.
Explicou então a Peri, que ficara admirado, que tomara
uma resolução inabalável: já que o índio não poderia
viver junto com ela na cidade dos brancos, a jovem ficaria
com ele no deserto e na floresta, pronta a compartilhar
com o seu amigo a vida, pois ela mesma se sentia filha
da terra Brasileira. Peri julgou a ideia encantadora,
mas jurou em sua alma que cumpriria a pronessa
feita a D. António.
Embarcaram outra vez, deixando que a canoa deslizasse
pela
correnteza. Peri observava com um olhar inquieto as nuvens
escuras que se amontoavam no horizonte ao longo da serra
dos Orgãos, onde ao anoitecer desencadeou-se uma violenta
tempestade. Cecília d ormia. De repente, alta noite,
ouviu-se um rumor surdo e abafado como provindo das entranhas
da terra, num crescendo incessante que se propagou mais
logo pela superficie do rio. Peri lançou um olhar cheio
de desespero para a beira longinqua, onde elevava-se
uma grande palmeira.
Remando com toda a força a alcançou e, tomando Cecília
nos seus braços, abrigou-se sobre a cúpula verde.
Dos torrentes que alimentam o Paquequer, engrossados
pela violenta tempestade sobre a serra, uma gigantesca
montanha de água desabou no leito do rio, e ainda outras,
num turbilhão sem fim, produzindo um rimbombo espaventoso.
Cecília e Peri, na cúpula da palmeira, viram a água subir
até molhar os seus corpos. A morte parecia próxima.
Peri, então, lembrou-se do mito do sábio Tamandaré, que,
em tempos imemoraveis, durante uma inundação provocada
pelas grandes chuvas, quis ficar na várzea com a sua
esposa.
Quando as águas subiram, si salvou com ela, boiando na
cúpula de uma palmeira, aonde si era refugiado e que as águas haviam
arrancado, cavando a terra. Tamandaré sobreviveu com
a sua companheira e povoou a terra.
Peri fez como Tamandaré e a cúpula da palmeira, aonde
se achava com Cecília, começou a deslizar suavemente à flor da
água, levando consigo a salvo os dois jovens e a nova
esperança dêles.
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IV. La
Catastrofe
Loredano convinse quattro avventurieri di cui si fidava
ad aiutarlo nel suo piano: contava di penetrare nella
casa, uccidere gli abitanti e rapire Cecilia. Poi, mentre
una banda di avventurieri avrebbe attaccato gli Aimorè
dall'alto della rocca, Loredano e i suoi quattro complici,
adducendo il pretesto di una sortita per prendere i selvaggi
tra due fuochi, avrebbero guadagnato la via della fuga.
Mentre questo accadeva, il resto degli avventurieri venne
a sapere da João Feio che Loredano era un frate, che
aveva abiurato ai suoi voti; decise perciò di catturarlo
e punirlo in modo esemplare. Essi pensavano in tal modo di
riconquistare il perdono di Don Antonio.
Intanto nel campo nemico gli Aimorè si preparavano a
sacrificare il prigioniero. Perì respinse con fermezza l'amore e la
libertà che gli offriva l'india aimorè, che doveva servire il prigioniero
prima del banchetto rituale, e ricusò di fuggire con lei.
Poco dopo quattro guerrieri aimorè condussero il prigioniero
al campo, lo legarono tra due alberi in modo che non
potesse muoversi e cominciarono a danzare intorno a lui,
intonando il canto della vendetta e invitandolo al combattimento.
All'improvviso giunse il vecchio capo con la clava rituale
coperta di piume e cominciò a sfidare Perì, al quale, sebbene legato,
fu offerta un'arma per difendersi. Il capo intonò allora più volte
le parole rituali che condannavano a morte il prigioniero,
mentre il coro dei guerrieri gli faceva
eco.
Impercettibilmente Perì con una mano disfece uno dei
nodi della sua veste di cotone e prese una piccola noce che vi
si trovava. Poi si portò le mani alla faccia, chinando
la testa. Il vecchio aimorè, che già aveva sollevato
la clava per ucciderlo, pensò che avesse paura, ma Perì,
rialzando la testa con una espressione di giubilo, lo
incitò a vibrare il colpo decisivo. Improvvisamente uno
sparo, che proveniva dagli alberi, abbatté istantaneamente
il capo degli Aimorè.
Poi, davanti agli sbalorditi selvaggi, fece irruzione
Don Alvaro, tagliò i lacci del prigioniero e cominciò
a menare fendenti tra i nemici
inferociti, insieme a una decina di valorosi avventurieri.
Don Antonio, infatti, per soddisfare la richiesta dell'angosciata
Cecilia, aveva permesso a Don Alvaro, che si era offerto generosamente,
di fare una sortita nel campo nemico per salvare Perì.
Solo Isabel non condivideva quella decisione, temendo
per la sorte dell'amato. Ma il giovane, prima di partire, volle lasciare
un dolce ricordo nella sua anima: le disse che l'amava.
Dopo l'incursione nel campo nemico, con riluttanza Perì
accettò di seguire Don Alvaro, temendo che, se fosse rimasto, gli
Aimorè avrebbero finito per uccidere tutti.
Più tardi, di ritorno alla spianata, il giovane indio
spiegò a Don Antonio il suo progetto di salvare Cecilia
uccidendo tutti i cannibali con il
veleno,che egli aveva già ingerito e che gli Aimorè avrebbero
assunto, quando avessero mangiato il suo corpo durante
il banchetto rituale.
Rivelò anche di aver avvelenato le bevande degli avventurieri ribelli
ma Don Antonio comandò prontamente di avvertirli affinché
essi non bevessero.
Subitamente, a causa del veleno, Perì fu alterato da
violente contrazioni. Sarebbe morto, ma Cecilia lo supplicò
di salvarsi; con un ultimo sforzo, l'indio partì per
cercare nella foresta un antidoto.
Fu a quel punto che gli avventurieri abbatterono la parete
in fondo e irruppero nella sala. Ma Don Antonio aveva preparato
la sua difesa, dinanzi alla quale gli aggressori furono
costretti ad arretrare. In mezzo alla stanza si trovava un vaso pieno di polvere
da sparo, da cui si dipartiva una miccia, che andava diritta alla santabarbara.
Il fidalgo e Don Alvaro erano pronti ad accenderla con due
pistole puntate sulle polveri.
Poco dopo giunsero Aires Gomes e gli altri avventurieri,
catturarono Loredano e chiesero a Don Antonio il perdono
dei loro errori.
Durante la notte Don Alvaro ricevette l'incarico di fare
una spedizione nei dintorni per procurare dei viveri.
Prese con sé una parte degli
avventurieri, gli altri avrebbero provveduto alla difesa
di Don Antonio. La notte passò tranquillamente, senza
che nulla accadesse: gli Aimorè erano insolitamente silenziosi.
Al sorgere del sole si accertò che
avevano lasciato il campo, dopo aver seppellito i loro
morti.
Perì fece ritorno alla rocca con il corpo esanime di
Don Alvaro sulle sue spalle. Mentre si trovava nella
foresta alla ricerca dell'antidoto del veleno, l'indio
si era imbattuto negli avventurieri capeggiati da Don
Alvaro e impegnati in un combattimento contro più di
cento Aimorè. Quando vide Don Alvaro cadere, colpito
da una clava nemica, intervenne nella lotta, facendo arretrare i selvaggi
e riportando così il corpo di Don Alvaro a quelli che
lo amavano. Il giovane fu deposto nella sala, dove ricevette
il compianto di tutti. Più tardi Isabel chiese a
Perì un favore: che portasse il corpo esanime
di Don Alvaro nella sua camera, deponendolo sul letto.
Qui, rimasta sola con lui, vera sposa del
tumulo, rivolse al giovane ardenti parole d'amore in
un intenso colloquio, che si concluse con la morte di
entrambi.
Mentre gli Aimorè si preparavano all'ultimo assalto della
rocca, Perì approntava una corda di paglia e un nuovo
piano.
Don Antonio, nell'ultima ora, volle che Cecilia assumesse
una bevanda contenente un sonnifero, perché non fosse
testimone degli avvenimenti più dolorosi.
Poi si preparò con i suoi uomini all'estrema difesa.
L'attacco degli
Aimorè cominciò all'improvviso, con una pioggia di frecce
incendiarie che si abbatté sull'edificio; entro un'ora
avrebbero espugnato la rocca. Perì confidò a Don Antonio
di aver preparato tutto perché il cavaliere potesse partire
mettendo in salvo se stesso e sua figlia Cecilia. Ma
Don Antonio ricusò la fuga nel momento del pericolo,
giudicandola indegna dell'onore e della lealtà di un
fidalgo portoghese, al quale il dovere impone di dividere
la sorte dei suoi compagni.
Non potendo salvare la sua signora, Perì dichiarò che
ne avrebbe condiviso la sorte. Vedendo l'indio così risoluto
e conoscendo la sua dedizione, Don Antonio gli propose
di diventare cristiano, perché solo a questa condizione
avrebbe potuto affidargli il compito di portare in salvo
Cecilia. Perì ricevette il battesimo da Don Antonio,
che gli diede il suo nome e si congedò infine dai due
giovani.
Al momento favorevole, quando le fiamme lambirono la
casa e gli Aimorè con grande clamore sferrarono dalla spianata l'ultimo
assalto, Perì prese tra le braccia la fanciulla addormentata
e passando dalla finestra della stanza che dava sulla
voragine, bilanciandosi tra una
palma e il ramo di un albero abbattuto, oltrepassò il
precipizio.
Raggiunse quindi le rive del fiume Paquequer e si allontanò
su una canoa, che aveva predisposto, insieme a quanto potesse
servire all'impresa.
Fu a quel punto che un terribile boato, causato dall'esplosione
della santabarbara, squarciò le tenebre della notte,
abbattendo la rocca in un cumulo di rovine e travolgendo nella stessa
catastrofe i suoi abitanti e gli Aimorè.
Lasciandosi alle spalle le rovine, la barca di Perì correva
velocemente sul Paquequer col suo prezioso carico. Il
giovane indio, che intendeva condurre Cecilia da una
sorella di Don Antonio, dovette rivelarle prima di tutto
la tragica fine dei suoi genitori, affrontando la reazione
della fanciulla afflitta e in preda alla disperazione.
Ma quando le disse di essere cristiano e che lo stesso
Don Antonio gli aveva comandato di portarla in salvo,
Cecilia accettò con rassegnazione i tragici eventi di
quelle ultime ore.il viaggio continuò per tutta la notte
finché Perì, stremato dalla fatica, legò la canoa alle
piante palustri al centro del fiume e si addormentò.
Una lacrima di Cecilia, cadendo sul suo viso, lo svegliò
e il giovane indio si ricordò dei suoi doveri: con il
linguaggio figurato tipico della sua gente, egli rassicurò
la fanciulla, offrendole il suo appoggio, la sua vigile
protezione, il suo aiuto materiale e la sua indefettibile
difesa. Per contro Cecilia disse di considerarlo
suo fratello e non uno schiavo.
Poi, guidandolo nella preghiera, recitò con lui il Salve
Regina,
cominciando così la sua catechesi.
Viaggiarono ancora fino a mezzogiorno, quindi sbarcarono
in un'ansa del fiume ombrosa e riparata, dove Cecilia
poté riposare.
Più tardi, mentre Perì si occupava della colazione e
si preparava a costruire un nuovo arco, le annunciò che presto, dopo
una sosta presso la sua tribù, l'avrebbe condotta con i suoi guerrieri goitacà
alla città di Rio, dove l'avrebbe lasciata con
la sorella di Don Antonio, mantenendo così la parola
data. Poi egli avrebbe fatto ritorno alla sua tribù.
Ma Cecilia chiese a Perì di non lasciarla e solo dopo
molte insistenze sembrò comprendere il fatto che, tra
i bianchi, il giovane capo dei Goitacà sarebbe stato considerato uno schiavo, ma soprattutto sarebbe stato
strappato all'ambiente in cui era nato e vissuto. Verso sera, Cecilia
chiese al giovane del cotone sufficiente per filare un
vestito e una pelle per coprire i suoi piedi delicati.
Spiegò poi allo stupefatto Perì che aveva preso una decisione irrevocabile:
poiché l'indio non poteva vivere insieme a lei nella
città dei bianchi, la fanciulla sarebbe rimasta con lui
nel deserto e nella foresta, pronta a condividere con
il suo amico la vita, giacché anch'ella si sentiva figlia
della terra Brasiliana. Perì giudicò affascinante
l'idea, ma giurò in cuor suo di mantenere
la promessa fatta a Don Antonio.
Si imbarcarono di nuovo, lasciando che la canoa fosse
sospinta dalla corrente. Perì osservava con inquietudine
le nuvole scure che si addensavano all'orizzonte, lungo la serra degli Organi,
dove si scatenò una violenta tempesta. Cecilia dormiva.
All'improvviso, a notte fonda, un rumore sordo e soffocato
si udì provenire come dalle viscere della terra, in un crescendo
incessante si propagò ben presto alla superficie del
fiume. Perì rivolse uno sguardo pieno di disperazione
alla riva lontana, su cui si ergeva una grande
palma. Remando con forza la raggiunse e, presa Cecilia
tra le braccia, si rifugiò sulla sua verde sommità.
Dai torrenti che alimentano il fiume Paquequer, ingrossati
dalla violenta tempesta sulla serra, una gigantesca montagna
d'acqua si riversò sul letto del fiume e altre ancora, in un vortice
d'acqua senza fine, producendo uno spaventoso boato.
Cecilia e Perì, sulla cima della palma, videro l'acqua
salire fino a lambire i loro corpi.
La morte sembrava vicina.
Allora Perì si ricordò del mito del saggio Tamandarè,
che, nella notte dei tempi, durante un'inondazione
seguita alle grandi piogge, volle
rimanere e nella pianura con la sua sposa.
Quando le acque salirono, si salvò con lei, galleggiando
sulla sommità della palma, dove si era rifugiato e che
le acque avevano divelto dal
suolo, spostando la terra. Tamandarè sopravvisse con
la sua compagna e popolò la terra.
Perì fece come Tamandarè e la sommità della palma, su
cui si trovava con Cecilia, cominciò dolcemente a scivolare
a fior d'acqua, portando in salvo con sé i due giovani
e la loro nuova speranza.
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