Na literatura de uma nação, além da classificação gramatical, das ordenações legais, econômicas e religiosas, para a sobrevivência
do grupo de indivíduos que compõem a nação, existe também - pela
simples força do existir da comunicação - um repertório de técnicas,
modos, tempos, coisas, seres, que vem transmitido oralmente sob
a forma de estórias, que encontram-se nesta forma dual de cultura
entre os povos e aonde todos estão envolvidos, pastores assim como
seringueiros, padeiros, burocratas de todos os tipos, lenhadores,
caipiras, professores...
Estas estórias, que pertencem à tradição, nos transmitem as experiências
de um indivíduo ou de um grupo, nos diversos campos da existência.
Algumas sob a forma de fábulas, outras de lendas, mitos, ficções
metropolitanas, contos folcloristicos, eventos históricos que a
história não conta, mas que o povo guarda sob a forma de canções,
poesias, apelidos, autos ou festas populares debaixo da insígnia
religiosa ou de simples folguedo.
Entre tantas estórias no Brasil podem-se enumerar, além daquelas
trazidas pelos colonizadores, aquelas de origem Tupi-Guaraní, que
pertencem às povoações da América do Sul, e aquelas de origem africana,
que chegaram no Brasil com os primeiros escravos negros já em 1531.
Estas estórias são as lendas, mitos, crenças, religiões e medicinas
desses povos, que, com o passar dos tempos e pelo meio de formas
de sincretismo cultural, criaram uma nova série de lendas, mitos
e tradições, ou seja: o folclóre brasileiro.
Assim me contaram
Assim
vos contei
Iemanjá
Na tradição africana, que foi trazida para o Brasil junto com os
escravos, encontra-se a figura mítica de Iemanjá, de origem Iorubana,
ou mãe-d'água, com muitas sinonímias': Janaína, Dona Janaína,
Princesa do mar, Senhora do Aiocá, Sereia, Oloxún, Dona Maria,
Rainha do Mar, Mucunã, Inaê, Marbô.
Em sua honra se faz no dia 2 de fevereiro uma grande festa no mar,
com as barcas todas iluminadas com lâmpadas coloridas e, nas praias,
com fogueiras acesas e o povo que dança ao som da música dos instrumentos,
dos quais muitos de origem africana: tambores, atabaques, caixas,
bombos, cuícas, pandeiros, berimbau, agogô. E os participantes
fazem ofertas de espelhos, pentes, moedas, flores, pratos brancos,
e outras coisas, que vão lançados ao mar, ou deixados na areia
em tôrno às fogueiras.
Esta figura, que tem os cabelos longos e prateados, que se pode
ver no mar quando é noite de plenilúnio e a lua se reflete nas águas, é a
protetora dos pescadores e navegadores, além de ser a padroeira
dos amores; dizem que é muito ciúmenta.
A concha do mar, o leque e a espada são os seus símbolos;
o vermelho, o azul escuro e a cor-de-rosa são as suas cores rituais.
Quilombo dos Palmares
Nos meados do século XVII, no período das guerras entre os Portuguêses
e os Holandeses, que durante o Interregno Espanhol tinham
ocupado muitas partes dos territórios já colonizados pelos Portuguêses
na região de Pernambuco, grupos de escravos africanos conseguiram
escapar à escravidão e reunindo-se na localidade da Serra
da Barriga, situada entre os estados atuais de Pernambuco
e Alagoas, ai construiram uma fortaleza do estilo africano,
denominada: Quilombo,
que significa esconderijo. A notícia deste fato divulgou-se e
muitos outros
rebelados africanos foram juntar-se, estima-se
em quase mil, sob o comando de um governador
a quem davam o nome de Ganga-Zumbi,
em língua Quimbundo (Angola).
Na tentativa de capturar os escravos rebelados, os Portuguêses
empregaram também os índios ao seu serviço, mas sem muitos resultados.
Outros quilombos foram estabelecidos na região e resistiram por
cerca de 80 anos, até que as tropas portuguesas
puseram fim à epopéia palmarina.
Daquela tradição histórica, hoje aquilo que resta são as festas
populares e os grupos de dançadores (cabindas),
que reevocam aqueles longinqüos fatos históricos, representando-os
por ocasião
de folguedos profanos ou como parte de festividades religiosas.
Tais
festas prolongam-se por três dias
e envolvem todos os habitantes da zona. Os grupos de dançadores
vestem disfarces muito coloridos com espelhinhos, flores,
lantejoulas, chifres e outros ornamentos, segundo a figura que
vem representada e si dividem entre índios,
negros, caboclos e portuguêses, com cantos e danças
particulares para a ocasião; fazem uso das línguas:
Português, Tupinambá e Banto.
Estes autos vêm representados nas diversas regiões do Brasil, aonde
existiam as plantações de cana-de-açúcar e engenhos ou plantações de
algodão, que outrora eram trabalhadas pelos escravos, inicialmente índios, depois pelos negros.
Em cada região os autos assumem as características locais com variantes
na linguagem, trajes, músicas, estórias transmitidas por via oral
e nas circunstâncias e datas, nas quais se realiza a representação.
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Nella
letteratura di una nazione, fuori dalle categorie grammaticali,
dalle disposizioni normative, economiche e religiose, al fine
di far sopravvivere il gruppo di individui che costituiscono
la nazione, esiste anche - in virtù della semplice forza di esistere
della comunicazione - un repertorio di tecniche, modi, tempi,
cose, esseri, che viene trasmesso oralmente sotto forma di racconti,
che si trovano in questa forma duale di cultura tra i popoli
e in cui tutti sono coinvolti, tanto pastori quanto raccoglitori
di caucciù, panettieri, burocrati di ogni tipo, boscaioli, contadini,
professori...
Questi racconti, che fanno parte della tradizione, ci trasmettono
le esperienze di un individuo o di un gruppo nei diversi campi
dell'esistenza.' Alcuni sotto forma di favole, altri di leggende,
miti, fantasie metropolitane, racconti folcloristici, eventi storici
che la Storia non racconta, ma che il popolo conserva sotto la
forma di canzoni, poesie, soprannomi, forme teatrali o feste popolari
sotto il segno della religione o del semplice divertimento.
In Brasile tra le numerose storie non scritte si possono annoverare,
oltre a quelle portate dai colonizzatori, quelle di origine Tupí-Guaraní,
che appartengono agli Amerindi, e quelle di origine africana, che
giunsero in Brasile insieme con i primi schiavi negri già nel 1531.
Tali racconti sono le leggende, i miti, le credenze,
le concezione religiose e le medicine di quei popoli, che, con il
passar del tempo e attraverso forme di sincretismo culturale, generarono
una nuova serie di leggende miti e tradizioni, cioè: il folclore
brasiliano.
Così mi raccontarono
Così vi ho raccontato
"Iemanjá"
Nella tradizione africana, che fu portata in Brasile con gli schiavi,
si trova la figura mitica di Iemanjá, di origine Iorubana, o madre
d'acqua, con numerose sinonimie': "Janaína", "Donna
Janaína", Principessa del mare, "Signora dell'Aiocá"';,
Sirena, "Oloxún", Donna Maria, Regina del Mare, "Mucunã",
"Inaê"," Marbô".
In suo onore si fa il 2 febbraio una grande festa nel mare, con
le barche tutte illuminate da lampade colorate e, sulle spiagge,
fuochi accesi e il popolo che danza al suono della musica prodotta
da strumenti, di cui molti di origine africana: tamburi, timpani,
casse, grancasse, "cuícas", cembali, scacciapensieri, "agogô".
E i partecipanti fanno offerte con specchi, pettini, monete, fiori,
piatti bianchi e altre cose, che si lanciano in mare o si lasciano
sulla spiaggia attorno ai fuochi.
Questa figura dai lunghi capelli d'argento', che si può vedere nel
mare quando é notte di plenilunio e la luna si riflette nelle acque, é la
protettrice dei pescatori e dei naviganti, oltre ad essere la patrona
degli amori; dicono che sia molto gelosa.
La conchiglia, il ventaglio e la spada sono i suoi simboli;
il rosso, l'azzurro' scuro e il rosa sono i suoi colori rituali.
Rifugio dei Palmeti
Intorno alla metà del secolo XVII, durante le guerre tra i Portoghesi
e gli Olandesi, che durante l'Interregno' Spagnolo avevano occupato
molte parti dei territori già colonizzati dai Portoghesi nella
regione del Pernambuco, gruppi di schiavi africani riuscirono a
sottrarsi alla schiavitù e riunendosi nella località di Serra
del Ventre, situata tra gli odierni stati di Pernambuco e Alagoas,
vi costruirono una fortezza di stile africano detta: "Quilombo",
che significa rifugio. La notizia di tale accadimento si diffuse
e molti altri ribelli africani si aggiunsero, circa un migliaio,
si ritiene, sotto la guida di un capo a cui davano il titolo di Ganga-Zumbi,
in lingua Quimbundo (Angola).
Nel tentativo di riprendere gli schiavi ribellatisi, i Portoghesi
impiegarono anche gli indio al loro servizio, ma senza risultati.
Altri "quilombos" furono
insediati nella regione e resistettero per circa 80 anni, fino a
che le truppe portoghesi misero fine all'epopea' palmarina.
Di quella tradizione storica, oggi quello che resta sono le feste
popolari e i gruppi di danzatori ("cabindas"),
che rievocano quei lontani fatti storici, rappresentandoli in occasione
di divertimenti profani o come parte di festività religiose. Tali
feste durano tre giorni e coinvolgono tutti gli abitanti della
zona. I gruppi di danzatori si mascherano con costumi dai colori
vivaci, con specchietti, fiori, lustrini, corna e altri ornamenti,
secondo il personaggio che viene rappresentato e si dividono tra
indio, negri, meticci e portoghesi, con canti e danze particolari
per l'occasione'; fanno l'uso' delle lingue: Portoghese, Tupinambà e
Bantu.
Questi auto vengono rappresentati nelle diverse regioni del Brasile,
in cui si trovavano le piantagioni di canna da zucchero e gli zuccherifici
o le piantagioni di cotone, che un tempo avevano impiegato nella
lavorazione schiavi, inizialmente indio, poi negri. In ogni regione
gli auto assumono caratteristiche locali, con variazioni nel linguaggio,
nei costumi, nella musica, nei racconti trasmessi oralmente e nelle
circostanze e date, in cui avviene la rappresentazione.
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